COMPORTAMENTO
“Ato inseguro, o grande vilão da segurança”. “O problema é trabalhar no piloto-automático”. “É o excesso de confiança”. Frases como esta vêm sendo ouvidas pelos trabalhadores em treinamentos de segurança, em reconstituições de acidentes e outros momentos nos quais a grande interrogação é: como fazer com que as pessoas se cuidem no trabalho?
Geralmente a resposta para esta pergunta remete à noção de Comportamento Seguro.
Em segurança, grandes avanços foram realizados no que diz respeito aos aspectos ambientais, tecnológicos, legais e organizacionais e isso fez com que os índices de acidentes fossem reduzidos de forma significativa no Brasil e no mundo.
No entanto, os acidentes ainda acontecem e isso fez com que os prevencionistas olhassem com mais atenção, nos últimos anos, para fatores que, até então, tinham sido pouco tratados nas práticas e programas: os fatores humanos.
Devido ao fato do Ser Humano caracterizar-se como um fenômeno altamente complexo e de grande variância, o chamado “fator humano” tem sido visto como uma “grande caixa preta” nas discussões a respeito de Sistemas de Gestão de SST.
Como educar as pessoas? Como comprometê-las com o processo? Como melhorar o controle dos riscos? Como motivar para a prevenção?
O curioso desta questão é que grande parte destas respostas já é conhecida das ciências humanas e sociais há muitas décadas.
É necessário promover a aproximação do conhecimento técnico-operacional e do humano, aplicando-os no cotidiano das organizações de trabalho.
A Psicologia da Segurança no Trabalho
A Psicologia da Segurança pode proporcionar conhecimentos que complementem as práticas dos demais profissionais que atuam em segurança no trabalho como médicos, engenheiros e técnicos, o que não significa que interferir sobre os fenômenos psicológicos em segurança seja algo que possa ser feito de forma efetiva por profissionais sem a devida capacitação.
Considerando que a noção de comportamento tem sido amplamente utilizada em programas e ações de segurança em empresas brasileiras e estrangeiras, recebendo até o nome de “Segurança Comportamental”, é importante refletir sobre o que de fato tem sido tratado por essas estratégias.
Percepção de Risco
Partindo do entendimento de que o Comportamento Seguro é definido por “identificar e controlar riscos...”, a Percepção de Risco tem um importante “status” nas recentes pesquisas em Psicologia da Segurança no Trabalho.
Este conceito é tido como mais um elemento importante para a compreensão dos aspectos psicossociais relacionados à prevenção dos acidentes de trabalho.
Na prática há uma evidente lacuna por parte das organizações por não buscarem conhecer o nível em que se encontra a percepção de risco dos trabalhadores de seus quadros.
Comportamento Seguro e sua aplicação nos Sistemas de Gestão de SST
Numa perspectiva de Sistemas de Gestão, os conceitos relacionados com o chamado “Comportamento Seguro” podem ser aplicados no sentido de potencializar (e até viabilizar) um programa amplo de Gestão de Segurança e Saúde.
Sabe-se que um dos principais desafios na implantação de um Sistema de Gestão é o processo de comprometimento das pessoas envolvidas. Soma-se a isto a questão do monitoramento de resultados que aparece sob a forma de metas e indicadores para a medição do desenvolvimento do sistema como um todo e, em especial neste caso, do aspecto humano do processo.
Algumas perspectivas de análise e aplicação permitem realizar o monitoramento do processo no que se refere ao comportamento seguro.
Para empresas com alto nível de complexidade em seus processos e que tenham produtos e atividades que necessitem um alto nível de conhecimento, recomenda-se não abrir mão deste tipo de estratégia.
Ao identificar dificuldades neste aspecto, a empresa poderá atuar de forma preventiva na melhoria do nível de informação de suas frentes de trabalho, tendo profissionais competentes para fazer essa analise e diagnosticar o funcionário.
Fonte: Revista CIPA