Apesar de a legislação de segurança e saúde no trabalho ser bastante rigorosa no Brasil. Os altos índices de acidentes ainda persistem em boa parte das empresas. A obrigatoriedade do uso de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) pelos colaboradores, a criação de comissões internas de prevenção, as brigadas de incêndio e a sinalização adequada são medidas que comprovadamente, reduzem os riscos e produzem uma atmosfera protetiva.
No entanto, a experiência nos mostra que não há apenas uma única causa de acidentes. Mas uma conjunção de fatores desencadeadores de problemas. E um dos mais importantes é o chamado fator humano, no qual as falhas se devem ao comportamento do próprio colaborador.
Você deve estar se perguntando: O que leva um trabalhador a negligenciar normas de segurança, pondo em risco sua própria integridade física e a de seus companheiros de trabalho? Na maioria dos casos, desinformação, excesso de confiança, pressa, cansaço e desatenção.
A raiz do problema pode ser arrancada, desde que haja engajamento de gestores, lideranças e equipes. Todos devem se sentir responsáveis pelo processo e compartilhar erros e acertos.
Reportar acidentes de trabalho é obrigação
Muitos gestores focam em fornecer EPIs, mas deixam de investir na instrução das pessoas. Numa preparação que resulte em comprometimento e comportamento seguro na corporação.
A consciência sobre os riscos e procedimentos para evitá-los precisa, obrigatoriamente, fazer parte da cultura da organização, integrar a rotina de cada um dos colaboradores em tempo integral.
Reduzir os índices de acidentes de trabalho é uma missão urgente das empresas, algo que não pode ser postergado, camuflado ou cujas consequências devam ser subestimadas. Acidentes de trabalho comprometem não somente o bem-estar dos trabalhadores, como a imagem da corporação, internamente e no mercado, e a própria produtividade.
Não raramente, alguns executivos com remuneração variável de acordo com metas e indicadores de segurança subnotificam acidentes de trabalho e doenças ocupacionais. Por vezes, deixam de emitir os Comunicados de Acidente de Trabalho (CAT) também como forma de evitar a elevação da alíquota do Seguro de Acidentes de Trabalho (SAT) a ser pago pela empresa.
Não reportar a ocorrência de acidentes – ou converter acidentes com afastamento em acidentes com trabalho restrito – não é, a longo prazo, uma boa prática de gestão. Pode ser até que resolva o problema naquele momento – mas é impossível esconder graves acidentes ou fatalidades. É importante, portanto, que o executivo faça uma reflexão se aquela situação cabe de fato colocar como trabalho restrito ou se vale caracterizar como acidente com afastamento e aprender todas as lições que o caso tiver para evitar fatalidades no futuro. É uma questão de consciência.
A organização precisa também conversar com os colaboradores sobre a importância do uso correto de equipamentos de proteção. Deixar claro que o famoso “jeitinho” pode resultar em eventos trágicos – que, em grande parte, são evitáveis.
Como engajar os colaboradores na segurança da empresa
Cabe às empresas estabelecer expectativas sobre o comportamento dos colaboradores; instaurar um processo eficaz de segurança no ambiente de trabalho; padronizar, instruir e monitorar as ações dos colaboradores; e criar forças-tarefa que atuem como multiplicadores de boas práticas. É igualmente aconselhável que gestores deem retorno constante dos resultados para aprimorar processos e mapear onde estão os pontos vulneráveis.
Não deixe de:
– Ouvir a equipe para saber quais as dúvidas e principais críticas.
– Oferecer todos os meios para que o colaborador se sinta seguro, desde a preparação (cursos, palestras, workshops, treinamentos etc.) até os equipamentos e condições adequadas do ambiente de trabalho (máquinas, aspectos ergométricos e EPIs).
– Fazer com que supervisores e líderes imediatos fiquem atentos às condições físicas de seus colaboradores. Observar se eles têm habilidades para a função para a qual foram designados e se estão satisfeitos no setor. Desatenção, cansaço, mal-estar: tudo deve ser observado e avaliado.
– Autoestima e o comprometimento fazem parte do processo de segurança. O colaborador deve zelar por seu bem-estar, dos seus companheiros de trabalho e da empresa.
O bem-estar coletivo em primeiro lugar
Características individuais influenciam comportamentos de forma significativa e complexa. Os seus efeitos nas atividades podem ser negativos ou positivos. Cabe à empresa ficar permanentemente atenta ao comportamento de suas equipes e ajustes irregularidades.
Algumas características tendem a ser modificadas ou adaptadas, de acordo com a atividade exercida. Dos trabalhadores se espera que estejam aptos a realizar suas tarefas cotidianas de forma correta e segura. O importante é o espírito coletivo, que cada colaborador independentemente de seu perfil e habilidades, se sinta responsável pela segurança no ambiente de trabalho, como um todo.
Com os colaboradores engajados e atentos, haverá também o surgimento de novas ideias, de novos mecanismos ainda mais eficazes. Um esforço coletivo para fazer com que, cada vez mais, a organização reduza risco e se torne segura.